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Desbloqueando o desenvolvimento sustentável em foco no segundo dia da reunião intermediária do ISC

A reunião intermediária de membros do ISC, Capitalizing on Synergies in Science, continuou em Paris com conversas sobre a importância da ciência internacional na sustentabilidade – bem como sobre a próxima geração de cientistas, o trabalho do ISC dentro do sistema multilateral global e ameaças crescentes à ciência.

As instituições científicas globais têm um papel crucial em pressionar o mundo a acelerar o trabalho nas metas de desenvolvimento sustentável da ONU, diz Irina Bokova, patrona do ISC e copresidente da Comissão Global do Conselho sobre Missões Científicas para a Sustentabilidade. 

“A agenda de desenvolvimento sustentável está em uma encruzilhada”, diz Bokova. “Há resistência e o progresso é desigual. Ainda está trabalhando em silos. Ainda não está tomando a direção transformacional de que precisamos, à luz das diferentes crises no mundo”, diz ela, observando as preocupações do secretário-geral da ONU, Antonio Gutierrez, de que o progresso nas metas está parando.

“Precisamos de conhecimento acionável orientado para a implementação dos diferentes objetivos e para alcançar o que está na agenda dos ODS: não deixar ninguém para trás”, diz ela. 

Chegar lá exigirá uma abordagem transdisciplinar, mesclando o trabalho de especialistas em mudanças climáticas, antropologia, sociologia, agricultura e outras áreas, diz Alan Bernstein, membro do Comitê de Planejamento Científico do ISC e presidente emérito do Instituto Canadense de Pesquisa Avançada. 

Para fazer isso, a Comissão de Missões Científicas do ISC está propondo a criação de uma rede de centros regionais de sustentabilidade, que coordenariam pesquisas e conectariam tomadores de decisão e pessoas afetadas por questões com cientistas que realizam trabalhos relevantes. 

“Precisamos começar a trabalhar seriamente para desenvolver esses objetivos de desenvolvimento sustentável, devido ao custo financeiro, humano e planetário de não fazê-lo. O retorno sobre o investimento, se esse tipo de modelo funcionar, seria enorme”, diz Bernstein. 

O ISC também anunciou o lançamento de Centro para Futuros da Ciência, um think tank que visa fornecer conselhos sobre ciência para políticas e o futuro do ecossistema científico. “Esta iniciativa reflete o compromisso do ISC em otimizar seus serviços para o benefício de seus membros, não apenas nos próximos anos, mas nas próximas décadas”, disse o presidente do ISC, Peter Gluckman. 

Ouvindo a próxima geração

Os jovens cientistas precisam estar não apenas na sala, mas também em cargos de tomada de decisão, onde possam fazer sugestões de políticas e mudanças duradouras, diz Priscilla Kolibea Mante, neurofarmacologista e copresidente do comitê executivo da Ghana Young Academy. 

“Existe a necessidade de uma mudança de paradigma na ciência internacional – uma que abranja as perspectivas e valores únicos da próxima geração de cientistas”, explica ela. “Precisamos colocar jovens cientistas onde suas vozes estão realmente fazendo a diferença.” 

Comunicação real e bidirecional entre jovens cientistas e instituições, e ver que o feedback influencia uma ação real e mensurável é crucial, diz ela. 

“(Jovens cientistas) veem as coisas de maneira muito diferente. Eles estão muito acostumados com a interconexão”, diz ela. “Tudo é rápido; tudo está disponível e eles estão acostumados a serem ouvidos. A inclusão é uma coisa importante para os jovens pesquisadores.” 

Ameaças à ciência em uma “Era de policrises” 

“A liberdade e a responsabilidade da pesquisa e a confiança na ciência são importantes em tempos de crise para sustentar as democracias, pela paz, pela conciliação”, diz Anne Husebekk, vice-presidente de Liberdade e Responsabilidade na Ciência do ISC. 

Mas a pesquisa do ISC mostra que os cientistas – e o progresso científico em geral – estão cada vez mais ameaçados em todo o mundo, diz Vivi Stavrou, secretária executiva do Comitê de Liberdade e Responsabilidade na Ciência do ISC. 

“Estamos vivendo em uma era de policrises – crises de diferentes tipos, acontecendo simultaneamente, construindo umas sobre as outras”, diz Stavrou. 

“O setor de ciência está acostumado a trabalhar em crises – mas o que estamos acostumados a fazer é estudar as crises. Não estamos acostumados a olhar para nós mesmos”, diz ela. “Como podemos reconstruir quando nossas universidades são destruídas? Como reagimos quando nossos dados online são hackeados?” 

O Comitê de Liberdade e Responsabilidade na Ciência do ISC está atualmente acompanhando 21 casos de amplas restrições ao trabalho científico e outros 10 casos em que cientistas individuais são diretamente ameaçados. 

Os casos mais comuns são ameaças à liberdade de expressão e movimento de cientistas individuais, diz ela – geralmente aqueles cujo trabalho é percebido como uma ameaça a interesses arraigados e principalmente aqueles que trabalham com saúde e mudanças climáticas. 

“Os cientistas estão sujeitos a assédio legal contínuo, abuso tóxico via mídia social, ameaçados com violência física e prisão e, em alguns casos, mortos”, diz ela. 

A reunião do ISC continua esta semana, com as próximas sessões enfocando o crescimento futuro do ISC e seus afiliados e futuros desafios e oportunidades para a comunidade científica global.

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